A Braskem reportou no segundo trimestre de 2024 um prejuízo de R$ 3,736 bilhões, 385% maior ante as perdas de R$ 771 milhões no mesmo período de 2023. O resultado foi pior na comparação com os três meses imediatamente anteriores, quando havia apurado prejuízo de R$ 1,345 bilhão, de acordo com o balanço trimestral divulgado pela empresa.

De acordo com a Braskem, o prejuízo líquido aconteceu em função, principalmente, do impacto de R$ 4,5 bilhões de variação cambial negativa no resultado financeiro, que é explicado majoritariamente pelo efeito da depreciação do real sobre a exposição líquida da companhia no período.

A receita líquida somou R$ 19,075 bilhões, alta de 7% ante um ano e avanço de 6% na comparação com os três meses imediatamente anteriores.

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O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) recorrente atingiu R$ 1,667 bilhão no período, alta de 137% ante um ano. No intervalo trimestral, por sua vez, foi registrado avanço de 46%.

A companhia aponta que o avanço sequencial no Ebitda foi provocado pelo aumento de 19% no spread (margem) de principais produtos químicos e resinas nas operações da companhia. Na relação anual, o impulso no indicador foi explicado pela combinação entre aumento nos spreads e maior volume de vendas no mercado brasileiro.

Os resultados da Braskem (BOV:BRKM3) (BOV:BRKM5) (BOV:BRKM6) referentes suas operações do segundo trimestre de 2024 foram divulgados no dia 07/08/2024.

VISÃO DO MERCADO

A repercussão dos resultados da Braskem mostra por que nem sempre o dado de lucro é o mais importante a ser olhado, sendo mais efetivo olhar para o conjunto de resultados.

A petroquímica anunciou na noite de quarta-feira prejuízo líquido de R$ 3,74 bilhões para o segundo trimestre, um salto de 385% sobre o desempenho negativo de R$ 771 milhões registrado no mesmo período de 2023. Contudo, os resultados foram bem recebidos, com a ação subindo 3,65%, a R$ 17,30, às 14h58 (horário de Brasília) desta quinta.

O salto do prejuízo ocorreu principalmente em meio à forte pressão da variação cambial sobre o resultado financeiro da petroquímica, enquanto analistas viram progresso nos dados operacionais da companhia.

O desempenho operacional medido pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado, por sua vez, foi de R$ 1,67 bilhão, bem acima (+137%) dos R$ 703 milhões apurados no segundo trimestre de 2023.

Analistas, em média, esperavam prejuízo líquido de R$ 2,9 bilhões e Ebitda de R$ 1,67 bilhão, segundo dados da Lseg.

A XP ressalta que o Ebitda superou a sua projeção em 4%. Enquanto isso, oO aumento dos spreads petroquímicos, tanto nos principais produtos químicos quanto nas resinas, impulsionou a melhora do Ebitda, que foi apenas parcialmente compensada pelo impacto operacional das enchentes no Rio Grande do Sul.

A dívida líquida aumentou para US$ 5,5 bilhões no 2T24, mas a alavancagem diminuiu de 8,6 vezes no 1T24 para cerca de 7,2 vezes a relação entre dívida líquida/Ebitda dos últimos doze meses. Assim, houve grande melhora sequencial, enquanto ocorreu pequena superação nas expectativas.

A XP ressaltou que, como previa, os spreads petroquímicos internacionais de fato proporcionaram um impulso sequencial para os resultados da Braskem no 2T24. Os spreads dos principais produtos químicos no Brasil aumentaram em 19% em relação ao trimestre anterior, enquanto o spread das resinas também aumentou em 8% em relação ao trimestre anterior. O spread de PE (Polietileno) para etano no México aumentou em 4% no trimestre, enquanto os spreads médios nos EUA e na Europa diminuíram em 2%. “Apesar da melhora sequencial, os mercados petroquímicos ainda estão em meio a um ciclo de baixa, e as margens de contribuição continuam apertadas”, avalia a XP.

As provisões da Braskem para o incidente na mina de sal de Alagoas totalizaram R$ 4,8 bilhões no final do 2T24. A redução se deve principalmente aos pagamentos realizados, parcialmente compensados por uma provisão adicional de R$ 362 milhões com a atualização das estimativas de custos relacionadas à implementação e ao progresso na maturidade dos projetos, iniciativas e programas presentes nas frentes de ação em Alagoas.

Para o Bradesco BBI, os resultados do 2T24 da Braskem mostraram uma melhoria trimestral, conforme esperado, mas permaneceram globalmente deprimidos. O banco ajustou suas estimativas e tem um novo preço-alvo para o final de 2025 de US$ 8,50 por ADR, ou recibo de ações negociado nos EUA (R$ 22/ação), em comparação com o preço-alvo anterior para o final de 2024 de US$ 10 por ADR (R$ 28/ação).

 

O banco vê que a companhia deve seguir com dificuldades em termos de fluxo de caixa do acionista devido aos grandes desembolsos esperados para Alagoas em 2024 (US$ 550 milhões) e 2025 (US$ 450 milhões).
Apesar da recomendação neutra, que basicamente vem de uma visão de um ciclo difícil ao longo deste ano e do próximo, o BBI vê potencial de alta em relação à média do mercado devido a: (i) recente forte depreciação do real, (ii) aumento vertiginoso dos preços dos contêineres e (iii) um potencial aumento nas tarifas de importação de resinas no Brasil.

* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney, Reuters
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