Depois de trimestres em que a inadimplência foi o ponto central
entre as maiores preocupações do mercado, os “bancões” divulgaram
os seus resultados do terceiro trimestre de 2023 (3T23) mostrando
que essa questão pode ter ficado para trás, com melhoras dos
índices nas bases trimestrais e anuais (ou impactadas por fatores
pontuais).
Porém, algumas diferenças de desempenho entre as grandes
instituições financeiras seguem latentes, apesar de algumas
tendências de recuperação.
Novamente, o Itaú (BOV:ITUB4) e o Banco do Brasil (BOV:BBAS3) se
apresentaram como os destaques positivos. Mas, enquanto algumas
analistas veem espaço para a primeira instituição ampliar sua
carteira de crédito depois de um período bastante cauteloso e
também elevar o retorno aos acionistas, outras casas reduziram as
projeções para o banco estatal, projetando desaceleração do
crescimento dos lucros.
Enquanto isso, entre os bancos que contavam com um cenário mais
desafiador, caso de Bradesco (BOV:BBDC4) e Santander (BOV:SANB11),
ambos apresentaram melhora na qualidade dos ativos no período.
Porém, analistas veem que o custo para que o Bradesco alcançasse
essa melhora foi muito alto, com uma queda expressiva de margem
financeira com clientes (receitas de juros), enquanto adiam as suas
projeções de recuperação para o banco. Já para o Santander, apesar
de diversas linhas ainda evidenciarem momento desafiador, a
expectativa é de progressiva melhora.
Veja os destaques dos resultados e as principais tendências para
os bancos, segundo os executivos das instituições:
Santander: recuperação finalmente chegou?
Uma leitura ainda de cautela para as ações, mas com a
recuperação tão esperada dos números finalmente chegando.
Após 18 meses de piora na qualidade dos ativos, o banco observou
uma queda da inadimplência no comparativo trimestral, o que ajudou
a reduzir as despesas com provisões contra calotes.
A taxa de inadimplência de operações de crédito vencidas há mais
de 90 dias foi de 3% no trimestre passado, abaixo dos 3,3% do
segundo trimestre e estável sobre a divulgação de um ano antes para
o período. Os indicadores de inadimplência futura também mostraram
queda, com o índice de operações vencidas entre 15 e 90 dias
recuando de 4,2% para 4%.
O presidente-executivo do Santander, Hector Grisi, afirmou
durante conferência sobre os resultados do banco espanhol que
espera que a margem financeira da unidade brasileira melhore no
atual trimestre ante o terceiro.
O Santander Brasil seguiu mantendo estratégia dos últimos
trimestres de “ser mais seletivo” na concessão de crédito, focando
em produtos com garantias e clientes menos arriscados.
Segundo o banco, foi essa seletividade que fez a margem
financeira cair, tendo um recuo de 1,2% no trimestre. “No entanto,
obtivemos crescimento de volumes e boa performance na margem de
passivos, o que nos indica uma perspectiva positiva para os
próximos trimestres”, afirmou o vice-presidente financeiro do
Santander Brasil, Gustavo Alejo, no balanço.
Para a XP, o Santander apresentou resultados positivos e acima
do esperado, entregando uma recuperação saudável em sua
rentabilidade.
O banco reportou um lucro líquido de R$ 2,7 bilhões, com uma
contribuição significativa da menor PDD neste trimestre. “Vale
destacar que o NPL (inadimplência) acima de 90 dias caiu 30
pontos-base na comparação trimestral”, destacou.
Por outro lado, apontam os analistas da casa, a margem com
clientes foi de R$ 14,240 bilhões, com queda de 1,3% na comparação
trimestral e avanço de 0,7% em 12 meses.
A carteira de crédito do banco cresceu de maneira tímida,
principalmente pelo menor apetite a risco do banco. “Em nossa
visão, à medida que o banco consiga estabilizar os índice de
inadimplência, trazendo-os para a média histórica, ele deve voltar
a crescer a carteira de crédito”, avalia José Eduardo Daronco,
analista da Suno Research.
Também para o Bradesco BBI, o Santander Brasil apresentou
tendências melhores para o 3T23, com destaque para melhoras do
índice de inadimplência, que também apontou para melhoria
sequencial no 4T23.
“O banco apresentou números sólidos em todos os níveis, enquanto
já se esperava que a receita líquida com juros (NII, na sigla em
inglês) permanecesse fraco”, avaliou, mas ressaltando que melhorias
nos índices de inadimplência individuais podem indicar uma
potencial reaceleração dos empréstimos.
A Genial destacou que, apesar da melhoria, a rentabilidade (ROE)
de apenas 13,1% continua em patamares fracos frente ao histórico do
banco e de alguns concorrentes. “No entanto, o resultado mostra
sinais de melhora mais expressiva na qualidade dos ativos
(crédito), originação de crédito, crescimento de clientela e
tarifas, consolidando uma trajetória de melhora gradual de
rentabilidade na nossa avaliação. O CEO Mario Leão sinalizou que o
banco caminha para uma recuperação de rentabilidade com busca de um
ROE de 15-20% e que o pior (do ciclo) já teria ficado para trás”,
apontou.
Enquanto a visão dos analistas foi positiva para o balanço do 3º
tri, a maior parte deles segue cautelosa com o papel. O BBI tem
recomendação underperform (desempenho abaixo da média, equivalente
à venda), mesma recomendação do Goldman Sachs. Já a XP tem
recomendação neutra para os ativos.
O BB Investimentos, por sua vez, elevou a recomendação para as
units do Santander Brasil de neutra para compra após a divulgação
dos resultados que, segundo o analista Rafael Reis, marcou um ponto
de inflexão no quesito qualidade de crédito, que deve ser um
gatilho para melhorias sequenciais, apesar de diversas linhas ainda
evidenciarem momento desafiador.
O analista cita que, apesar de ainda pressionado, o Santander
parece estar deixando para trás o momento mais desafiador do ciclo
de alta de Selic no período pós-pandemia.
“Ainda que sinais de vitalidade como crescimento de carteira e
margem financeira estejam longe de estelares, acreditamos que a
inflexão nos índices de inadimplência conjugada com o ciclo de
afrouxo monetário em andamento deve devolver o apetite por
crescimento e por um mix mais rentável de crédito ao banco”,
conclui.
Bradesco: retomada mais demorada
Assim como o Santander, o Bradesco apresentou sinais de melhora
da inadimplência, mas o custo para tanto foi visto como “muito
alto” pelo mercado.
O banco reportou resultados com lucro líquido de R$ 4,6 bilhões
entre julho e setembro (+2,3% na base trimestral, mas queda anual
de 11,5%), em linha com as estimativas, mas com o ROE (retorno
sobre o patrimônio) deprimido de 11%.
O resultado foi favorecido pela tesouraria, que passou a operar
no positivo, e pelas menores despesas com provisões no trimestre,
em linha com a queda marginal da inadimplência sentida no período,
mas contraposto pela menor margem financeira com clientes (receitas
de juros).
O BB Investimentos aponta que a inadimplência, que representava
até então de longe o indicador mais observado do Bradesco, de fato
viu algum alento no período: “pelo segundo trimestre consecutivo,
os atrasos na visão curta (15 a 90 dias) mostraram retração e na
visão padrão (acima de 90 dias) recuaram, ainda que marginalmente,
de 5,7% para 5,6%”.
“Ainda assim, é preciso uma certa flexibilidade para enxergar o
alívio, já que esse número só se mostra apenas quando considerado o
agregado, já que o segmento PMEs (pequenas e médias empresas) segue
em deterioração, e ainda com a exclusão de um cliente Large
Corporate, avalia.
O foco total na interrupção da inadimplência, no entanto, gerou
outro problema: a fraqueza não só do crescimento da carteira, mas
das receitas com clientes.
Falando sobre a carteira de crédito, na visão expandida, a
variação anual ficou negativa em 0,1%, significativamente aquém do
crescimento do mercado no período.
“Isso já era esperado, e vimos até movimento similar em outros
representantes do setor, em meio a um contexto de seletividade
vivido atualmente. Porém, no Bradesco, o freio parece ter sido bem
mais brusco, já que neste trimestre ficou mais evidente o impacto
sobre as receitas de juros, pois todas as velas foram voltadas para
linhas de crédito de menor spread nas safras mais recentes”, aponta
Reis, analista do BB Investimentos. A variação da margem bruta com
clientes (receita de juros), principal linha de receitas do banco,
foi de -4,9% no trimestre e -9,6%na base anual.
“Este movimento não foi visto em outros pares – ao menos não
nesta magnitude”, reforça.
A XP também reforçou a visão cautelosa: “nos últimos trimestres,
esperávamos que o Bradesco mostrasse duas coisas em sua divulgação
de resultados: uma parada na piora da inadimplência e uma margem
financeira positiva com o mercado. Quando isso finalmente
aconteceu, surgiu uma nova preocupação: o NII [margem financeira]
com os clientes”.
Já em teleconferência com o mercado, os executivos do Bradesco
disseram que o banco está preparado para retomar o crescimento de
sua margem financeira.
“Deixamos para trás o assunto margem com mercado, é página
virada”, afirmou o CEO do Bradesco, Otávio de Lazari. “Ficou
positivo no trimestre, será assim no quarto. Daqui para frente é
operar num nível mais forte e o que temos que trabalhar é na
melhoria da margem com o cliente”, disse.
O balanço foi afetado por um menor volume de concessão de
crédito a micro e pequenas empresas, que trabalham com retornos
maiores devido ao seu maior risco. O executivo, porém, sinalizou
que o Bradesco deve aumentar a originação nesse segmento ao longo
do quarto trimestre. No terceiro, o crédito para pequenas e médias
sofreu retração em 1,1%, enquanto para grandes empresas aumentou em
3,2%.
“Estávamos procurando por portfolios mais seguros, imobiliário,
consignado e rural, mas precisávamos segurar um pouco as carteiras
mais arriscadas”, afirmou Lazari. “Mas o crescimento já voltou ao
normal e, ao longo do quarto trimestre, deve continuar”,
complementou.
Já o BB Investimentos destacou em análise que, apesar da melhora
na inadimplência, há evidências de que o momento desafiador do
ciclo de crédito no Bradesco deve ser mais duradouro do que
anteriormente antecipado, já que as receitas mostram fraqueza,
assim como o volume de crédito.
“Apesar de pairar no imaginário dos investidores a recuperação
plena e completa do Bradesco à velha forma, incluindo um ROE na
casa dos 20%, neste momento vemos poucos indícios não apenas da
velocidade mas da possibilidade deste cenário, ainda que a
inadimplência comece a dar sinais de melhora”, aponta o analista da
casa, que tem recomendação neutra para os ativos.
A XP também ressalta que as provisões para créditos de
liquidação duvidosa do Bradesco totalizaram R$ 10,4 bilhões e
ficaram acima da estimativa da casa e do último trimestre (R$ 9,7
bilhões). “Ainda não vemos a um grande alívio na inadimplência, uma
vez que o banco está consideravelmente exposto a linhas de crédito
de baixa qualidade. Olhando para o futuro, uma melhoria gradual no
ambiente macro do 2S23 poderá ser útil”, afirmou a equipe de
análise da XP, que mantém recomendação neutra para os ativos.
Banco do Brasil: bons números, mas desaceleração vem
aí?
A ação do Banco do Brasil foi a que mais teve reação negativa
aos resultados do terceiro trimestre (na sessão pós-balanço, com
queda de 4,18%), ainda que haja uma visão majoritariamente positiva
sobre a instituição financeira estatal.
O BB reportou lucro líquido recorrente de R$ 8,8 bilhões no 3T23
(estável no trimestre, mas 4,5% maior no comparativo anual), 2,2%
abaixo do consenso da Bloomberg.
Em termos de rentabilidade, o ROE (retorno sobre o patrimônio)
ficou em 21,3%, ligeiramente abaixo do esperado pelo Bradesco BBI
de 21,5% e estável em relação ao 2T23. O número ligeiramente abaixo
do previsto foi atribuído principalmente a maiores despesas de
provisão (5,3% acima do esperado), devido a R$ 507 milhões em
provisões adicionais relacionadas a um cliente corporativo
específico de grande porte (Americanas, AMER3), o que também levou
a uma deterioração de 0,10 ponto percentual (p.p.) na inadimplência
total.
“Não fosse esse caso específico, a inadimplência teria melhorado
0,1 ponto percentual em termos trimestrais, com uma melhoria
significativa na qualidade dos ativos individuais (recuo de 0,3
ponto em termos trimestrais)”, avalia o BBI.
“O banco também reiterou sua orientação para 2023, com lucro
líquido recorrente entre R$ 33 e 37 bilhões, onde esperamos
provisões na extremidade superior da orientação de R$ 23 a 27
bilhões, compensadas pelo crescimento da margem financeira em base
anual também na extremidade superior da faixa, entre 22% e 26%,
embora observemos que a receita de tarifas e as despesas
operacionais estão próximas do ponto médio das faixas de
orientação”, destacou o BBI. Os analistas da casa mantêm a sua
estimativa de lucro líquido recorrente para 2023 em R$ 35,5
bilhões.
Para a Levante Corp, apesar do trimestre apresentar resultados
abaixo do esperado, o banco estatal continua com uma robusta margem
financeira bruta e um sólido crescimento da carteira de crédito.
“No entanto, alguns pontos de atenção, como a evolução da
inadimplência, merecem acompanhamento, particularmente no curto
prazo. O Banco do Brasil mantém um foco direcionado na expansão da
carteira de crédito, especialmente no segmento de agronegócio, como
principal via de crescimento para a companhia”, afirmou.
O BB ainda trabalha no orçamento de 2024 e só deve divulgar o
guidance para o próximo ano em fevereiro, na próxima leva de
balanços, segundo apontou Geovanne Tobias, vice-presidente
financeiro e de relações com investidores do banco, em
teleconferência de resultados.
“Nós vislumbramos sim a continuidade da nossa carteira, é
possível crescer entre um dígito alto e um dois dígitos baixos. Não
estabelecemos o que a gente pretende de guidance, mas percebemos,
com o que recebemos das áreas […] um ambiente mais benigno com
redução de taxa de juros”, afirmou o CFO.
“Uma vez que você melhora a condição de pagamento das famílias e
das empresas, você tem capacidade de retomar crédito com esses
agentes”, complementou.
Em relatório chamado “Rentável, mas quebrando a sequência de
crescimento trimestral”, a Genial Investimentos também destacou que
o lucro da companhia ficou abaixo das suas estimativas em 3%, mas
com um bom ROE, “em um nível semelhante ao Itaú ITUB4 e
consideravelmente à frente do Santander SANB11) e Bradesco (BBDC4)
em termos de rentabilidade.
“O trimestre foi afetado negativamente devido à necessidade de
fazer provisões adicionais para os créditos problemáticos
relacionados à Americanas, resultando em um aumento de R$ 507
milhões nas despesas de provisões para devedores duvidosos (PDD).
Caso não fosse pelo impacto causado pela varejista, acreditamos que
o Banco do Brasil teria potencial para apresentar o maior lucro
entre os grandes bancos, competindo diretamente com o Itaú pelo
título nesse trimestre”, afirma.
Para 2024, a Genial projeta uma manutenção da rentabilidade
robusta, embora com uma desaceleração no crescimento do lucro após
um crescimento de 11,4% esperada em 2023 e de 51% em 2022.
Por sinal, a projeção de desaceleração do crescimento do lucro
foi o que fez o Safra cortar a recomendação para as ações BBAS3
nessa semana após resultado.
A equipe do Safra projeta um crescimento de lucro mais fraco
frente os seus pares privados, esperando um lucro de R$ 37 bilhões
para 2024 e de R$ 37,963 bilhões em 2025.
Já o BTG Pactual, após o resultado, reiterou recomendação de
compra e destacou que o valuation continua atraente, ainda que a
ação não seja mais a barganha que era no início do ano, visto que
já subiu cerca de 50% em 2023.
“Esperamos que uma taxa Selic mais baixa beneficie o banco no
curto prazo, e a administração estima um crescimento dos
empréstimos acima da carteira de títulos nos próximos 6 a 18 meses.
Esta dinâmica deverá permitir que a margem financeira cresça em
linha com a carteira de empréstimos em 2024, superando as
expectativas do consenso e conduzindo potencialmente a um
crescimento do lucro por ação de “um dígito alto”, enquanto o
consenso de mercado espera lucros estáveis”, apontou.
Itaú: dados sólidos e expectativas por mais
proventos
O Itaú, ao lado do BB, seguiu como destaque positivo,
apresentando um lucro líquido recorrente de R$ 9,04 bilhões
(crescimento de 3,4% na base trimestral e de 11,9% na comparação
anual), em linha com as expectativas do mercado.
A margem financeira com clientes continuou em destaque (avanço
de 9,3% no ano e 2,5% frente o 2T23).
Enquanto isso, apontou a XP, a qualidade dos ativos permaneceu
forte, com NPL [índices de inadimplência] acima de 90 dias estável
em 3,5%, abaixo do mercado geral (SFN)”, avaliaram os analistas da
casa. Este desempenho permitiu ao banco reduzir marginalmente as
provisões para R$ 9,3 bilhões (-1,9% frente o 2T23), ainda em linha
com a criação de NPL (NPL creation).
A Genial Investimentos ressaltou que a rentabilidade (ROE)
permaneceu consistente em níveis elevados, atingindo 21,1%, um
aumento de 0,1 ponto percentual tanto em relação ao trimestre
anterior quanto ao ano anterior, superando consideravelmente o
desempenho de seus pares no setor privados como o Bradesco e
Santander. O ROE de 21,1% é o maior nível desde o 4T19.
Na visão da XP, apesar dos efeitos adversos trazidos pela venda
da operação argentina neste trimestre, o banco ainda conseguiu
melhorar os seus índices de capital. “Portanto, vemos o nível atual
como adequado para permitir que a alta administração do Itaú
declare um aumento no pagamento de dividendos de 2023 sem
comprometer a solidez do banco e as perspectivas de crescimento
futuro”, avaliou, com uma visão reforçada pelos executivos da
instituição financeira.
Em teleconferência, o CEO Milton Maluhy Filho destacou que o
Itaú tem condições de manter o ROE no patamar de 20% pelo próximo
ano e também falou sobre o futuro aumento do pagamento de
dividendos.
“Olhar para uma rentabilidade próxima de 20% parece razoável
imaginar”, diz Milton Maluhy Filho. “Vai depender muito do
exercício orçamentário que estamos fazendo e condições de mercado”,
complementa.
O CEO do Itaú explicou ainda que o banco fez um trabalho de
recuperação de capital desde o primeiro trimestre de 2020. “Já
fizemos essa recomposição e a gente vem organicamente crescendo a
nossa capacidade de geração de capital”, afirma. Por esse motivo, o
banco opera com um Índice de Capital Principal que ficou em 13,1%
no terceiro trimestre de 2023, 1,6 ponto percentual acima do
desejado pelo Itaú.
“Então existe, sim, expectativa de aumento de dividendos ou
alternativas para conduzir esse excesso de capital”, afirma o
executivo.
Na visão do BB Investimentos, o resultado foi marcado por
dinâmicas similares às dos trimestres anteriores, com carteira de
crédito ainda equilibrando expansão e rentabilidade diante de um
ciclo de desaceleração, com inadimplência e custos sob
controle.
“Navegando com serenidade o ciclo de alta da inadimplência
conjugada com desaceleração da originação no setor bancário, em
nossa visão, o Itaú agregou mais um resultado de qualidade,
demonstrando a fortaleza de sua operação”, aponta o analista do
banco.
Olhando especificamente para o crédito, a carteira expandida
cresceu 4,7% no comparativo anual, sendo que as linhas que
mostraram maior ímpeto no trimestre ficaram por conta de PJ Brasil
(+2,4%) e Grandes Empresas (+4,1%). Ainda mais robustas foram as
receitas de juros, que variaram 9,9% no mesmo período, com destaque
para a margem com clientes, que denota mix equilibrado da carteira
de crédito.
Já o custo do crédito recuou em comparação com o 2T por conta
das menores despesas de PDD no trimestre, enquanto a os índices de
inadimplência vieram predominantemente estáveis, sugerindo uma
descompressão, ainda que modesta, do período mais crítico do atual
ciclo de inadimplência.
Além disso, com exceção da remoção do impacto da venda das
operações na Argentina, o Itaú não revisou nenhum item das
projeções próprias (guidance), o que calibra as expectativas do
BB-BI e ajuda a afirmar a manutenção do otimismo com as ações.
“Com a provável inflexão no ciclo de inadimplência que estamos
presenciando, e com o ciclo de queda de juros já em andamento,
devemos ver o Itaú com confiança para voltar a acelerar crédito de
forma mais aquecida, direcionando resultados ainda melhores nos
próximos trimestres, aliado ainda a uma possível distribuição, em
nossa visão, de maiores dividendos dada a mais sólida posição de
capital construída com os resultados recentes”, reforçou o BB
Investimentos, mantendo assim recomendação de compra para os
papéis.
Informações Infomoney
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