A Petrobras lucrou R$ 23,7 bilhões de forma líquida no primeiro trimestre de 2024, com queda de 37,9% na base anual e com recuo de 23,7% na base sequencial. O lucro líquido ainda é menor ao consenso da LSEG, que previa R$ 30,1 bilhões.

Segundo a estatal, o resultado é principalmente atribuído aos menores volumes de vendas e à redução do preço do petróleo e da margem de diesel.

O recuo dos números frente ao quarto trimestre de 2023 já era esperado. Apesar do preço do petróleo permanecer em patamares elevados, houve uma baixa considerável, já que os últimos três meses do ano passado foram marcado por uma alta da commodity, acompanhando o temor com a guerra no Oriente Médio. Fora isso, a Petrobras, no começo deste ano, viu seus volumes recuarem, por conta, principalmente, de paradas de manutenção.

A petroleira já publicou há cerca de duas semanas atrás sua prévia operacional. A estatal produziu, em média, 2,77 milhões de barris de óleo ou equivalente por dia (boed), queda de 5,4% na base sequencial (mas com uma alta de 3,2% no ano). As vendas frente ao período entre outubro e dezembro recuaram 4,9%, a 1,6 milhões de barris por dia.

A receita líquida da Petrobras, com isso, ficou em R$ 117,721 bilhões no primeiro trimestre, queda de 15,4% no anual e recuo de 12,3% na base trimestral. Frente ao consenso, de R$ 126,2 bilhões o número ficou um pouco abaixo do esperado.

O resultado foi influenciado, principalmente, pela menor receita com as vendas de diesel no mercado interno e com exportações.

O Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) ajustado foi de R$ 60,044 bilhões, queda de 17,2% no ano, recuo de 10,2% no trimestre e abaixo do consenso, que era de R$ 67,9 bilhões.

O lucro bruto atingiu a cifra de R$ 60,701 bilhões no primeiro trimestre de 2024, um recuo de 17,2% na comparação com igual etapa de 2023.

As despesas operacionais somaram R$ 16,217 bilhões no 1T24, um crescimento de 22% em relação ao mesmo período de 2023.

O custo de extração (lifting cost) apurado no 1T24, sem participação governamental e sem afretamento, foi de US$ 6,04/boe, representando aumento de 9% em comparação com o último trimestre (US$ 5,52/boe).

Os resultados da Petrobras (BOV:PETR3) (BOV:PETR4) referentes às suas operações do primeiro trimestre de 2024 foram divulgados no dia 13/05/2024.

Teleconferência

O diretor financeiro (CFO) da Petrobras, Sergio Caetano Leite, disse que os recursos extraordinários, que estão nas reservas da companhia – como resultado do lucro excedente de 2023 – serão distribuídos na forma de dividendos.

“O que foi determinado pela AGE (assembleia de acionistas) é que até o final desse exercício, do ano de 2024, seja realizado o saldo que ficou nessa conta – os 50%”, disse ele, a analistas e investidores, durante teleconferência de resultados do 1º trimestre.

“Não foi estipulado, no entanto, uma data para a distribuição. Mas apresentamos ao Conselho, mensalmente, outlooks. A deliberação deve acontecer ao longo deste ano ou começo do ano que vem”, acrescentou.

Preços dos combustíveis

Leite foi questionado por analistas sobre a política de preços da companhia. Segundo ele, a Petrobras não tem uma política de preço, mas uma estratégia comercial, em que se analisam várias questões, como logística e oferta.

“Temos um valor marginal (de preços), onde abaixo disso não nos interessa. Onde deixamos à mesa. Na outra ponta, temos o custo alternativo do cliente, que é o valor que o cliente sai da mesa.”

Números foram abaixo do esperado mesmo com expectativas já mais baixas, mas ainda foram vistos como bons; distribuição dos dividendos extra seguem na agenda dos investidores

O CFO mencionou ainda que o custo alternativo do cliente não é o PPI. “Ele trás, por exemplo, a certeza do abastecimento. Às vezes o cliente prefere comprar um pouco acima do PPI para ter a certeza do abastecimento”.

O diretor acrescentou que o diesel russo vem impactando o mercado, com os “clientes de olho em outras oportunidades”. “Com isso, a petroleira vem preferindo deixar de passar a oscilação, para garantir fatia de mercado.”

Produção da Petrobras

Segundo Joelson Mendes, diretor executivo de exploração e produção da Petrobras (PETR4), a produção do primeiro trimestre deste ano, e também de abril, estiveram “bem em linha” com o planejado pela companhia.

“Há complexidades de vários níveis em nossas plantas. Todas têm sistemas diferentes. Há diversos fatores que podem fazer nossas produções variarem tanto para cima quanto para baixo. Variações de 2% para cima ou para baixo são naturais”, disse ele, a analistas.

Braskem 

Sergio Caetano Leite, CFO da Petrobras, mencionou que apesar de ter se falado recentemente de uma aquisição total da Braskem, esse cenário “não seria o ideal para a Petrobras”.

“Só acontecerá a compra integral em situação extrema. Para o downstream, a Braskem é uma plataforma de internacionalização. Em um cenário extremo, não deixaremos o ativo se deteriorar”, contextualizou o CFO. “Mas, no caso de uma situação extrema, reestruturamos nosso capital. Janela de endividamento continua entre US$ 50 e US$ 65 bilhões”, explicou.

Na semana passada, o presidente da companhia, Jean Paul Prates, afirmou em entrevista à agência epbr que a estatal avalia comprar a participação da construtora e buscar sozinha, posteriormente, um sócio para o ativo. Recentemente, a construtora tem enfrentando desafios na venda de sua fatia, sendo que o grupo de Abu Dhabi Adnoc, por exemplo, desistiu de seguir com negociações pela participação, após ter feito em novembro uma oferta não vinculante de R$ 10,5 bilhões.

Atualmente, a Petrobras tem cerca de 47% da Braskem, com a opção de tag along (vender sua participação junto da Novonor, no caso de uma oferta) ou de cobrir o valor oferecido na proposta. A ex-Odebretch tem 50,1%.

“Modelo que vemos com bons olhos, em relação a Braskem, é de cogestão. Se elevarmos nossa participação para 49% ou 50%, o impacto na nossa dívida será inexpressivo. Será, basicamente, o que já temos hoje, visto que temos grande participação”, comentou Leite. O executivo ainda mencionou que uma possível operação da Petrobras em relação à Braskem faria parte do capex anunciado no último plano da petroleira estatal, que prevê investimentos de US$ 102 bilhões entre 2024 e 2028.

VISÃO DO MERCADO

A Petrobras divulgou seus resultados dos primeiros três meses de 2024 (1T24) na noite da última segunda-feira (13) sem grandes emoções como na divulgação passada, quando a retenção dos dividendos (parcialmente revertida em abril) foi o grande destaque. Ainda assim, os resultados foram mais fracos do que o esperado, o que também levou a dividendos um pouco mais baixos do que a maior parte dos analistas estava projetando.

Com isso, às 10h10 (horário de Brasília) desta terça (14), as ações caíam cerca de 2% (2,13% para PETR3 e 1,97% para PETR4).

Bradesco BBI

Olhando para frente, o Bradesco BBI espera ver uma melhora nos resultados trimestrais, antecipando o aumento dos preços do Brent e a recuperação da produção que foi afetada negativamente pelas paradas de manutenção no 1T24. Além disso, ainda prevê um dividend yield de 12% para 2025, com potencial aumento dependendo de pagamentos complementares.

“Mantemos nossa classificação outperform [desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra], já que a tese de investimento total da Petrobras ainda é sólida, apesar da perda trimestral”, avalia a equipe de análise do banco.

Genial

A Genial vê que os números da empresa ficaram abaixo das estimativas e do consenso devido principalmente a retenção de preços dos derivados no segmento de refino ao longo do 1T24, mas aposta para a normalização do mercado. Enquanto isso, reforça a avaliação de que, ainda que abaixo do consenso, a geração de caixa livre (Fluxo de caixa operacional – Investimentos) fechou em patamares muito interessantes. Assim, ainda que com um resultado abaixo do esperado, a companhia segue gerando caixa e pagando dividendos.

Itaú BBA

O Itaú BBA também apontou um Ebitda ajustado recorrente abaixo do esperado e avaliou o baixo ritmo de implementação de investimentos, com investimentos totalizando US$ 3,0 bilhões (16% do investimento do Plano Estratégico para o ano de US$ 18,5 bilhões). “Observe que os investimentos normalmente aumentam ao longo do ano, mas em comparação com os primeiros trimestres anteriores, isso pode indicar um ritmo lento de implementação”, destaca o banco.

Morgan Stanley

Ainda que abaixo do que projetava, o Morgan Stanley vê o resultado como um “não-evento” e avalia que um fator mais importante será qualquer sinalização de nova distribuição extraordinária de dividendos nos próximos dois trimestres. “O saldo de caixa cresceu para US$ 18,2 bilhões (de US$ 17,9 bilhões no 4T23 e US$ 15,8 bilhões no 1T23), deixando poder de fogo para dividendos extraordinários e gerenciamento de passivos. Acreditamos que há espaço para que grande parte dos dividendos extraordinários retidos de 50% [em março] sejam distribuídos, talvez de forma gradual, juntamente com os resultados do 2T24 e 3T24”, avalia o Morgan.

O banco americano, contudo, tem recomendação equalweight (desempenho em linha com a média do mercado, equivalente à neutro) por ainda ver risco de intervenção política, a mesma recomendação da Genial. A casa de research pondera, contudo, que a possibilidade do governo seguir distribuindo dividendos extraordinários no 2S24 deve ser acompanhada de perto e tende a ser um gatilho interessante para a empresa ao longo do ano.

XP

A XP aponta que o Ebitda da Petrobras ficou 6% abaixo da sua expectativa, enquanto o lucro líquido ficou em linha (-2% versus expectativa). Não houve uma razão única para a diferença de Ebitda, avaliam os analistas da casa, mas sim uma combinação de pequenos itens. A produção diminuiu 5,5% no 1T24 frente o 4T23, devido a paradas de manutenção, o que levou a custos de extração mais elevados (+9,4%) e, consequentemente, a margens de exploração e produção ligeiramente mais baixas.

Os custos foram também uma ligeira surpresa negativa tanto nos itens gerais e administrativos como nos outros custos ( paradas de manutenção + provisões judiciais + remuneração variável). “Em suma, acreditamos que o 1T24 apenas deverá desencadear pequenas revisões”, avalia a equipe de análise.

Por outro lado, a XP aponta ser interessante notar que a conversão de Ebitda para caixa foi um destaque positivo. O fluxo de caixa das operações antes de impostos e capital de giro (ou seja, o equivalente ao Ebitda na demonstração de fluxo de caixa) foi de US$ 13,1 bilhões, em linha com a estimativa da equipe de análise de US$ 13,2 bilhões, o que sugere encargos não-caixa substanciais para o demonstrativo de resultados da petroleira. A alavancagem da Petrobras também permanece baixa, uma vez que a empresa continua a gerar um fluxo de caixa substancial que excede as distribuições aos acionistas (US$ 3,7 bilhões no trimestre, dos quais US$ 232 milhões em recompras).

“A baixa alavancagem e o forte fluxo de caixa da Petrobras suscitam a questão de saber para onde fluirá o excesso de geração de caixa. Em nossa opinião, será uma combinação de potenciais fusões e aquisições (por exemplo, investimentos na refinaria de Mataripe ou na Braskem) e dividendos extraordinários no final do ano. Também esperamos que o capex aumente organicamente nos próximos anos, mas não no curto prazo. Assim, esperamos que os próximos dividendos se mantenham a um nível semelhante ao do 1T24 (cerca de 10% de dividend yield, ou dividendo em relação ao valor da ação, anualizado com base na política de dividendos), mas há potencial para subir para o FCFE yield, ou rentabilidade de fluxo de caixa (18% anualizado) se as potenciais aquisições não se concretizarem”, avalia a XP.

O Bradesco BBI e a XP, por sua vez, possuem recomendação equivalente à compra para os ativos.

* Com informações da ADVFN, RI das empresas, Valor, Infomoney, Estadão
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