Quais fatores levaram a Yduqs e Cogna a sofrerem quedas após a divulgação dos resultados?
23 3월 2024 - 2:10AM
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A Yduqs e a Cogna, maiores companhias do setor educacional
listadas em Bolsa, amargaram quedas expressivas após a divulgação
de seus balanços. Apesar de números considerados em linha com
expectativas ou afetados por efeitos não-recorrentes, as companhias
assistiram quedas de pelo menos 10% de seus papéis no dia seguinte
às divulgações dos resultados (na sessão do dia 15 para Yduqs e no
último dia 21 para Cogna). Mas o que aconteceu com os papéis?
Alguns dos efeitos não-recorrentes à primeira vista abalaram os
resultados. No caso da Yduqs (BOV:YDUQ3), o balanço foi visto como
“poluído” por analistas pela linha de custos de vendas, gerais e
administrativos, impactada por eventos extraordinários. Dentre
eles, estão R$ 22,5 milhões em custos de demissão, R$ 45 milhões em
provisões trabalhistas (que foram revistas após adoção de novo
critério de provisão), R$ 13 milhões em provisões ligadas a fusões
e aquisições anteriores e R$ 2,5 milhões em taxas extraordinárias
pela devolução de ativos imobiliários.
Já a Cogna (BOV:COGN3) destacou como efeito não-recorrente o
ajuste necessário por questões ligadas ao Imposto de Renda (IR),
decorrentes de movimentação societária para participação no
programa Mais Médicos. O regulamento do programa limita a
apresentação de propostas de uma mesma entidade para a busca por
mais cursos de Medicina e, para permitir maiores chances de
sucesso, o grupo educacional realizou reorganização societária. Com
a movimentação, o grupo realizou a baixa de cerca de R$ 343 milhões
em imposto de renda diferido sobre o prejuízo fiscal de uma empresa
do grupo. A efetivação da realização dos ativos faz parte de plano
de reorganização societária, com objetivo de otimização
tributária.
No entanto, na visão das casas que analisaram os resultados
divulgados pela companhia, os não-recorrentes explicam apenas parte
da repercussão negativa. Alguns pontos observados por analistas nos
balanços e nas divulgações realizadas pelas companhias podem
explicar melhor a movimentação negativa das ações depois dos
balanços.
Guidance misto
No caso da Yduqs, se os dados de 2023 vieram (excluindo o não
recorrente) alinhados com as expectativas, as projeções para 2024
levaram a um maior ceticismo por parte dos analistas. A
desvalorização observada pelo papel na sexta-feira (15) foi de
9,76%.
A companhia apresentou orientações (guidance, em inglês). Dentre
os números, a companhia projeta lucro líquido ajustado entre R$ 172
a R$ 187 milhões, com crescimento de dois dígitos, gasto de capital
(CAPEX, em inglês) estável em R$ 470 milhões e R$ 160 milhões em
dividendos a serem distribuídos. Em relação às unidades de
negócios, a captação do segmento digital no 1T24 foi orientada em
180 a 190 mil alunos enquanto a captação no segmento presencial
teve guidance de aumento de 15 a 25% no primeiro semestre de 2024
(em comparação com o mesmo período 1S23).
Na visão do Itaú BBA, o crescimento do presencial não deve
atingir a projeção estimada pela companhia, enquanto o
semi-presencial pode trazer mais crescimento forte. O Morgan
Stanley viu o guidance como “misto”, apresentando melhores
projeções no presencial mas piores no ensino à distância (EaD).
O BTG Pactual, por sua vez, avaliou o quarto trimestre em si
como negativo, fraco e reiterando que foi “prejudicado por eventos
não recorrentes”. O Morgan Stanley também considerou efeitos
não-recorrentes como responsáveis por reduzir o lucro antes de
juros, impostos, depreciações e amortizações (Ebitda, na sigla em
inglês) ajustado.
Ainda assim, o JPMorgan considera que a queda pós-balanço deve
ser aproveitada como oportunidade de compra. Na análise, o banco
destaca que a Ydqus foi a primeira grande companhia do setor a
retomar a geração de caixa em 2023 e que há boas expectativas para
2024. O crescimento deverá ser impulsionado, principalmente, pelos
segmentos premium e digital. A visão positiva seguiu e o JPMorgan
manteve recomendação overweight (exposição acima da média, similar
à compra), ainda que tenha reduzido o preço alvo para R$ 27,00 (dos
anteriores R$ 28,50) e reduzido estimativas como receita e lucro
ajustado.
Efeito Kroton ou tributário: qual foi o
vilão?
Para a Cogna, que liderou perdas na sessão de quinta com queda
de 11,89%, analistas se dividiram entre considerar como vilão do
balanço o efeito tributário não-recorrente ou o desempenho da
Kroton. Vale lembrar que a companhia também amargou queda de 11,74%
na sessão seguinte à divulgação de resultados da Yduqs, em queda
atribuída também ao noticiário macroeconômico, com a alta dos juros
na sessão (que afetou o setor de varejo e consumo como um
todo).
Para o Morgan Stanley, a questão tributária é explicada no
balanço e se apresenta como algo pontual, enquanto a desaceleração
de receita da Kroton é mais preocupante e seria a responsável pelos
resultados considerados fracos. Os números da empresa de ensino
superior mostraram crescimento de 2% na receita em relação ao ano
anterior (ante a projeção de 8% do Morgan). As margens apresentaram
estabilidade (também abaixo das estimativas do banco estrangeiro),
com compensação de custos de produtos vendidos e maiores despesas
de marketing sendo compensados pelas eficiências administrativas e
gerais.
A questão levantada pelo banco estrangeiro diz respeito à
potencial tendência negativa para a unidade voltada para ensino
superior e sua capacidade da esperada recuperação. Para o BTG
Pactual, apesar de não-recorrentes, os ajustes necessários pelos
ativos diferidos de Imposto de Renda foram responsáveis por um
balanço considerado “poluído” e abaixo das expectativas.
Para demais casas de análise, como a BBA e a XP, os efeitos
foram desconsiderados por serem não-recorrentes e não se mostrarem
um risco para a tese de recuperação da companhia.
Informações Infomoney
COGNA ON (BOV:COGN3)
과거 데이터 주식 차트
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COGNA ON (BOV:COGN3)
과거 데이터 주식 차트
부터 2월(2) 2024 으로 2월(2) 2025